quinta-feira, 18 de abril de 2013

O buquê

Eu adoro casamentos. Acho lindo o rito, a importância do compromisso assumido, o choro do noivo, a entrada surpresa da noiva, a música, a festa, os comes e bebes. Gosto muito mesmo. Até o momento em que a noiva decide jogar o buquê... existe coisa mais machista, ultrapassada e humilhante que um monte de mulheres se estapeando por um arranjo de flores que, segundo boatos, pode salvá-las de uma vida infeliz por não terem um marido? Acho essa tradição o ó! 

O buquê, segundo o que consta no Wikipedia, surgiu na Grécia Antiga e era composto por ervas e alho para espantar o mau olhado. Durante a Idade Média, os arranjos foram ficando mais variados porque as noivas iam a pé até a igreja e, durante o percurso, as pessoas lhe davam flores como sinal de sorte e felicidade. Bonita a história, não? Até a burguesia surgir, se tornar pop e inventar que a felicidade feminina só poderia existir no casamento. O que era um costume delicado tornou-se um uma imposição costumeira que seguimos até hoje.   

Mas a grande questão é: por que, meu Deus? Por que nós, que queimamos sutiãs, lutamos pelo direito ao voto, ao trabalho e ao amor livre, continuamos correndo atrás do buquê como se ele fosse nossa única esperança de salvação? E o pior, por que nós, que hoje casamos com quem queremos, transamos quando queremos e vivemos como queremos, continuamos jogando buquês com aquele ar de piedade em relação àquelas pobres mortais que continuam fadadas ao fracasso? Porquê??? Não seria melhor, mais elegante e educado distribuir pequenos ramos a todos os convidados (homens, inclusive) em sinal de agradecimento e desejando que todos tenham direito à mesma felicidade? E não seria muito mais bonito ver as mulheres se esbaldando na pista de dança, felizes e solteiras, aproveitando a liberdade conquistada? 

Mais do que questionar a tradição, questiono o pensamento feminino. Será que esperamos o buquê por pura diversão ou realmente estamos esperando o casamento? 

Vocês eu não sei, mas eu estou em busca de amor, não de matrimônio, e acho que é muito mais eficaz me esforçar em me tornar uma pessoa melhor do que me esforçar por um buquê. Porque se as coisas não saírem como o esperado, estarei sempre na companhia de alguém interessante e não sentindo o cheiro constante das flores mortas.


É isso aí, meninas!