quinta-feira, 23 de junho de 2016

Carta para minha mãe

Se eu pudesse tirar sua dor, eu tiraria; sentiria por você. Sou capaz de tudo para nunca mais te ver chorar. 

Deveria existir uma lei no universo que impedisse as mães de se sentirem tristes, afinal, cumprir este papel já demanda tanta entrega, que a tristeza deveria ser retirada por compensação. Principalmente, se a mãe em questão for você.

Pois você é aquela que sempre está ali para todos, mesmo quando sozinha; aquela que sempre escuta, mesmo quando devia virar as costas e seguir; aquela que sempre cuida, mesmo quando precisa de cuidado; aquela que se esforça para agradar e ser agradável, apesar de muitas vezes não ser agradecida; aquela que é referência e suporte, até quando não tem onde se apoiar; aquela que me ensinou tudo o que sei e mesmo o que eu nem sei que sei.

Dentre tantos aprendizados, um me acompanha todos os dias (principalmente nos mais cinzentos): Deus não desampara ninguém; nenhuma dor é dada a quem não possa suportá-la. Isso sempre me conforta e espero que possa te acalentar também. 

A você, que veio com a missão de nos pegar pelas mãos e guiar, ofereço a minha mão, ombro e coração.

Me perdoe pelas minhas faltas e falhas, ainda não aprendi a ser mãe como você.


Beijos com amor,


Dani

terça-feira, 14 de junho de 2016

A crise dos 30

Aos 8, queria ter 16. Aos 16, eu não era nada do que imaginei. Mas ainda tinha tempo. Aos 18, nem universitária eu era e, aos 25, não estava casada. Mas ainda tinha tempo. 

Hoje, prestes a completar 30, me olho e o que vejo está longe de ser o que a Daniela do passado projetou. Ao invés de tailleur, calça rasgada e camiseta de malha. No lugar dos scarpins, All Star. Não estou casada, não tenho um emprego dos sonhos e o meu salário está longe de ser suficiente para morar sozinha ou sustentar os tailleur e scarpins imaginários.

Porém, nessa breve caminhada, que para a menina de 8 iria parecer o fim da linha, acumulei experiências que não estavam nos planos: viagens que nunca imaginei fazer; um grande amor que não ousei desejar; mudança de paradigmas e queda das verdades absolutas; amig@s que me acompanham na jornada e estão ao lado nos momentos de loucura e de paz; uma afilhada que chegou de maneira inesperada e trouxe afeto; diploma da UFMG; encontros fortuitos que vieram acompanhados de prazer e outras trombadas que garantiram aprendizados; um intercâmbio inesquecível; experiências profissionais que me dão orgulho e me brindaram com pessoas incríveis; apartamento em Barcelona, no verão; incertezas constantes que me levaram a buscar novos caminhos sempre.

No final, não dá para colocar na mesma balança projeções e realidade. A imaginação é sempre mais divertida e não possui o peso das consequências, sejam elas calos nos pés, fortunas gastas em roupas, um casamento frustrado ou uma vida profissional dominante. Por isso, ao fazer o fechamento desse meu primeiro "trimestre" de vida, decidi evitar crises e considerar apenas o que tem peso - aquilo que de fato aconteceu. Deixei de lado as projeções irreais e coloquei no centro da balança os planos para o futuro para que possam equilibrar o presente.

Tenho que admitir que, aos 30, não estou onde gostaria (ainda bem), mas tenho muito orgulho do que conquistei até aqui. E o melhor, ainda tenho tempo. Ainda dá para alcançar, mudar de caminho, de sonhos e de postura. Afinal, se a realidade saiu melhor que o esperado, talvez o segredo seja não encomendar muita coisa para o futuro.

O que a menina de 30 deseja para Dani de 60? Gratidão pelo vivido. Apenas.   


Happy Birthday!