domingo, 6 de julho de 2014

Whatsapp sem destino

Sabe o que mais me incomoda? Não ter te beijado, mesmo que no estacionamento, mesmo que rápido e com gosto daquele doce ruim que você adora. Me incomoda não ter tido coragem de pagar a aposta que fiz com a esperança de perder, de não ter pagado para ver mesmo. Sei que talvez um beijo não teria mudado o final, talvez não te impediria de voltar o namoro, talvez não fosse bom. Mas, pelo menos, teria sido e eu não estaria usando tanto a palavra 'talvez' nessa mensagem. 

Aliás, me desculpa por essa mensagem assim, do nada. Mas acabei de assistir  a um daqueles filmes de mulherzinha em que o mocinho morre no final e nos ensina que temos que viver tudo intensamente e agora. Coisa de menina, eu sei! Ainda mais para uma menina como eu, que adora grand finales, beijos cinematográficos, declarações de amor sob uma chuva repentina. 

Talvez essa mensagem seja exatamente isso, a minha deixa para o destino poder fazer diferente e me garantir um final feliz depois de anos de inícios apenas. Porque, no fundo, essa mensagem não é para você, nem para quem veio antes de você. Essa é a minha tentativa de chamar a atenção do destino (ou como quer que se chame aquilo que guia nossas vidas), para que ele me prove que eu estou errada e que aquela ligação na noite de domingo e o beijo com trilha sonora ainda estão por vir.



"Um presente para o futuro, uma caixa bem bonita..."

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Você veio ao mundo de carro ou de bicicleta?

Essa talvez tenha sido a pergunta que mais me intrigou no livro que acabei de ler... a escolha do veículo para percorrer a vida influencia diretamente no tamanho da bagagem que você quer levar. Eu, vim de caminhonete, mas tenho esperança em seguir minha jornada de bicicleta. Daquelas rosas, com cestinha de flores na frente. E só.

Só não. Carregar apenas flores é muito! Muito porque quem tem pouco, na verdade, carrega o essencial e, para isso, precisou deixar muito prescindível para trás. E, na nossa eterna dúvida do que realmente importa, acabamos não abrindo mão de nada. E como esse nada pesa!

As pessoas mais interessantes que conheço (e que faço questão de manter por perto para ver se aprendo por osmose) são aquelas que possuem um certo desapego, uma certeza de si e um olhar curioso sobre o que vem pela frente. É como se soubessem que o que está por vir é incontrolável e o que vivem não é seguro e, mesmo assim, conseguem dormir na primeira encostada no travesseiro. A receita? Elas simplesmente aceitam o caráter líquido que a vida tem. Essa fluidez que nos escapa entre os dedos e que nos esforçamos tanto  para eternizar nas horas, nos beijos, nas fotos. 

É preciso se envolver, mas é inevitável aprender a deixar ir. Afinal, não há filtros, rezas e choros que façam a paixão voltar, o intercâmbio ser para sempre e aquele dia nunca ter existido. Seguir em frente, diferente, é o curso natural e noites mal dormidas e fuçadas no Facebook não mudam nada. Essa é a beleza! Ao entender isso, aprendemos a lidar com as frustrações, conseguimos controlar as expectativas e aproveitamos mais os prazeres que aparecem.

Aceitar a efemeridade permanente da vida talvez seja o grande desafio para se ter uma mala leve. Quando se tem consciência de que estamos todos a passeio e não de mudança, precisamos de um bagageiro pequeno. E uma cesta de flores para oferecer aos que estão por chegar, é claro. 

"Ai então você vai se convencer
que se o mundo pesa
não vai ser de reza
que você vai viver"