quarta-feira, 6 de março de 2013

Caraíva

Se eu pudesse escolher onde nascer, escolheria um lugar perto da água. Não é a toa que todas as cidades começaram na beira de um rio. Água traz paz, serenidade, certeza de que as coisas passam, por mais que pareçam iguais. Talvez seja por isso, que eu tenha me apaixonado por Caraíva. Mas não só pelo rio, não só pelo mar... um pouco pelo encontro desses gigantes, mas, principalmente, pela simplicidade e intensidade desse pequeno povoado no sul da Bahia.

Uma vila de pescadores, cercada de água. Ruas de areia com casinhas coloridas. Bares na beira do rio e pousadas de frente para o mar. Não há como ser indiferente a Caraíva. Um cenário encantador, que de nada valeria se não existissem as pessoas que ali moram ou decidiram viver. Em uma cidade mágica conheci pessoas que são parte da magia (para não dizer que são os responsáveis pela mágica). Pessoas que fazem a diferença, que cruzaram o rio em busca de algo mais.

Muitos chegaram para ficar um dia e acabaram passando o resto da vida ali. Há quem foi com prazo de permanência mais longo que sempre acaba se estendendo. E há aqueles que queriam ficar, mas tiveram medo. Sim, medo! Porque a paz pode sufocar e o auto-conhecimento pode enlouquecer!

Em um tempo de loucuras temporais e externas, as doideras naturais e intimistas assustam! Parece um sonho, mas abrir mão da correria, da overdose de informação e das inúmeras possibilidades de tudo não é tão simples quanto parece, especialmente quando a experiência torna-se abstinência! Ficar só é um deleite doloroso!

E é essa contradição de palavras e sentimentos que define Caraíva. Alta, baixa. Louca e calma. Paz e tormento. Afinal, quem vai de encontro a Caraíva está atrás do próprio encontro. Mas auto-conhecimento assim, são poucos que dão conta! E quem aceita o desafio descruza o rio diferente, melhor, ciente de seus defeitos e vontades, consciente. 

Eu me acorvadei, por enquanto...


"Morrer de amor
Toda vez
Outra vez..."

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