quinta-feira, 19 de abril de 2012

Dicotomias da vida

Gente, fiquei tãããão feliz com a repercussão do blog que nem consegui dormir direito pensando sobre o próximo post (e imaginando como será minha entrevista para o Jô). Fiquei super ansiosa e com medo de estragar tudo logo no segundo dia. Anotei um milhão de ideias (inclusive a transcrição da minha entrevista imaginária) mas não fiquei segura com nenhuma. Aí, voltando da minha caminhada aquática, escutei aquela música "Forever Young", joguei a letra no Google e eis que surge este post.


Talvez o texto não tenha nada a ver com a letra da música, mas me remeteu a um milhão de dilemas que vivo internamente. Outro dia um amigo me perguntou se ele deveria sair para correr ou fumar um cigarro. Não soube o que responder, pois esse tipo de questionamento me persegue há um tempo. Para mim, é muito difícil conciliar a minha busca por liberdade com a ideia criada de ser bem-sucedida (não dá, por exemplo, para decidir ir para o Rio de Janeiro, em plena terça-feira, quando na quarta é um dia normal de trabalho); a necessidade de ser magra e saudável com a minha vida "jovem" e boêmia.


Como ser feliz magra, se fico contando pontos o tempo todo (sim, me rendi aos Vigilantes) e não posso tomar minha tão amada cerveja sem pensar na barriga enorme que ela cria? Como querer viajar o mundo sem ter um emprego e, necessariamente, sem ter dinheiro? Mas quando eu tiver um trabalho, não vou ter tempo para conhecer os lugares. Como explicar para a minha fono que falar baixo e poupar minhas cordas vocais não é condizente com uma conversa em um bar ou em um dos inferninhos que vou de vez em quando (na verdade, usar um tom de voz baixo não é condizente com a minha personalidade)?


E sabe o que é pior? Eu fico invejando as pessoas que conseguem acordar às 6h30 para correr, ou aquelas que voltam mais cedo pra casa (ou pelo menos em um horário "de gente") porque têm um compromisso no dia seguinte, as meninas que falam baixo. Mas, invejo principalmente, aquelas pessoas que vivem em equilíbrio (invejo tanto que até tatuei o símbolo do ohm pra ver se pega por osmose). As invejo mesmo sabendo que posso (com muito esforço) me juntar ao grupo. E, nos poucos momentos em que isso aconteceu, fiquei invejando aquelas pessoas que tiveram a coragem de largar tudo para ir surfar no Havaí, ou que juntaram dinheiro para passar o verão em Ibiza. Enfim, até a minha inveja é dicotômica (existe esta palavra ou dei uma de Guimarães Rosa??) 


Ás vezes culpo o mundo, por ter me apresentado a ideia de que ser jovem é aproveitar tudo, pois é "a melhor fase da vida" (talvez seja por isso que o cara da música quer ser jovem para sempre). E culpo ele novamente, por agora, quando tenho a oportunidade de viver "a melhor fase da vida", vir querendo me apresentar a ideia de uma vida saudável, de uma consciência com o futuro. 


É muito difícil conciliar tudo o que quero, com tudo o que não quero. Quero ser magra, mas não quero deixar de comer; quero ter um emprego legal, mas não quero deixar de ter as tardes livres; quero ser saudável, mas não quero deixar de beber uma cervejinha de vez em quando.


Dez anos de terapia me ensinaram que, para alcançar algo é preciso deixar para trás outra coisa. O problema é que em dez anos de terapia não consegui deixar nada para trás sem sofrimento e pesar. E é exatamente por isso que continuo assim, sendo  uma "mistura de funk com samba, de comida japonesa com chocolate" (parte do texto em que meu amigo Lucas Campolina me descreve). Mas acho que sobrevivo!

Agora tenho que ir para os Vigilantes do Peso porque à noite tenho uma festa com japonês e chopp liberados (ó dicotomia que não me larga! Hahhaha..)

"Forever Young" - Engraçado eu colocar vídeos nos
dois posts. Logo eu, que odeio o Youtube.







3 comentários:

  1. Dani, nos sentimos todas assim, não? Essa coisa de ser gente grande é muito doida. Já sou tem um tempo, mas não consigo superar a loucura das opções e escolhas...

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  2. O viver a vida intensamente deixa o passar dos anos, o envelhecer e o ser gente grande um pouco mais leve, não é? Na certeza de que vivemos tudo o que tinhamos pra viver e em todas as fases tem maravilhas a serem descobertas (mesmo na velhice!)!

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