quinta-feira, 21 de junho de 2012

Madrid


Durante muito tempo eu encarava viajar como uma obrigação. Tinha preguiça da arrumação, do percurso, da falta de conforto... até o momento em que passei a escolher os meus destinos, a decidir o que queria ver, a satisfazer as minhas vontades. Consegui atribuir prazer a partir da falta de obrigação e acabei descobrindo a minha grande paixão! No começo de maio coloquei este sentimento a prova: decidi viajar sozinha por alguns dias na Europa. Ou a paixão desandava ou virava amor.


A primeira cidade que visitei foi Madrid. Já conhecia a capital, mas foi o destino com voo mais barato que encontrei (foi muito barato mesmo!!! Só consegui graças a esse site que tem sempre ótimas promoções). A entrada na Espanha foi um pouco tensa por causa da "barreira" sem sentido aos brasileiros, mas depois de perguntas atravessadas e respostas simpáticas passei pela alfândega sem muito problema!


Já tinha ido a Madrid com a minha mãe há exatamente um ano, mas a experiência da solidão (consentida e aproveitada) torna tudo diferente.


Considero Madrid a São Paulo espanhola (já falei disso em outro texto), mas mais charmosa e interiorana. Cheguei exausta, só querendo comer e dormir, mas ao sair do metrô me rendi à inevitável vontade de bater perna pela cidade. Deixei a mala no Hostel (meio sujinho, mas bem animado e muito bem localizado) e saí sem rumo, querendo ver e principalmente ouvir. Evitei os caminhos conhecidos, os bares frequentados, as indicações no mapa e evitei, especialmente, as rotas normais para se chegar aos pontos turísticos. Afinal, eu já tinha sido turista ali e agora queria ser surpreendida. E se tem uma coisa que Madrid sabe ser é surpreendente.


Cheguei em um feriado e por isso as ruas estavam cheias de gente bebendo, fumando e "tapeando". Saindo da Plaza Mayor entrei, sem saber, em uma ruazinha linda em que a aglomeração de pessoas era enorme. Acabei conhecendo o melhor lugar de Madrid - a Calle de Cava Baja, uma das principais do bairro La Latina. Cada portinha te oferece um lugar para beliscar, conversar e para beber. Porque na Espanha o álcool faz parte da vida das pessoas, sem culpa, preconceito ou distinção. (Até o Mc Donald's vende cerveja acompanhando suas promoções). Não me arrisquei a entrar em nenhum bar e sinto que tenho que voltar para me redimir desse arrependimento que carrego.


Continuei o passeio e inevitavelmente passei por todos os pontos turísticos. Fui ao Mercado de San Miguel, comi bocadillo de jamón, tirei foto com o Urso e o Medronheiro, bebi Estrela, entrei no Palácio, visitei igrejas... mas a diferença é que eu não tinha pressa. Muito pelo contrário! Quando se está sozinha existe a necessidade de se aproveitar ao máximo o tempo, pois não teremos companhia para o jantar ou com quem conversar na volta para a casa. E assim, com a necessidade de preencher as horas fui me encantando por Madrid.


A cidade é bege, mas tem vida! Em Madrid, o antigo se funde ao novo de maneira natural e harmônica. A cultura e a tradição se fazem presentes, mas também abrem espaço para outras culturas e novas tradições. A capital espanhola, para mim, é um reflexo lindo e bem humorado de toda a Espanha: uma mistura muito bem separada. Madrid tem a capacidade de ser várias dentro de um só e isso permite que você transite por lugares distintos sem nunca se esquecer de onde está.


Por fim sentei na Puerta del Sol e fiquei observando as excursões escolares, os amigos bebendo, os mendigos na rua, as mulheres fazendo compras... a cidade fluindo. Porque é esse sentimento que tenho em relação à cidade, a sensação de movimento, de uma eterna dança em conjunto, muito bem ensaiada e articulada. E Madrid, muito educada, te convida a todo momento a entrar na pista e dançar em sua companhia. E eu dancei!

Dance!

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